segunda-feira, dezembro 31, 2007

Post de Ano novo!

Tudo o que eu tentei escrever até agora sobre o ano de 2007 ou foi deprimente demais, ou acabou se transformando em cartas para pessoas que não merecem recebê-las ou soou piegas demais. Desisti.

Não vale a pena escrever sobre o que aconteceu nesse ano que foi o que mais custou a passar em toda minha pequena vida. Neste fim de ano não há “como passou rápido!” ou “parece que foi ontem!” para mim.

Mas 2007 merece sim ser relembrado por toda minha vida. Um período de mudanças e de descobertas. De dúvidas, incertezas. De alegrias e tristezas. De saúde e de doença? Haha. Aí não. Mas de viagens, festas, filmes, leituras, fotografias, arte, palestras, ópera, teatro, beijos, abraços, choro, risos, muito trabalho e muito tédio.

E que venha 2008, cheio de viagens, planos, amores, esperanças, alegrias, tristezas (por que não?), novidades, festas e muito muito muito aprendizado. E claro, muita arte para deixar nossos corações leves e batendo sem medo algum.

Como em todos os dias 31 de dezembro de minha vida: eu espero que o próximo ano seja muuuito melhor do que esse que passou. E este foi um desejo que quase sempre se realizou.

Fernando Pessoa – O Guardador de Rebanhos

Poema XXI

Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar
Seria mais feliz em um momento...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...

Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como que não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...

O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como que andar,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja...

domingo, dezembro 30, 2007

A felicidade de Arthur Schopenhauer

“Todos nós nascemos na Arcádia todos viemos ao mundo cheios de pretensões de felicidade e prazer e conservamos a insensata esperança de fazê-las valer, até o momento em que o destino nos aferra bruscamente e nos mostra que nada é nosso, mas tudo é dele, uma vez que ele detém um direito incontestável não apenas sobre nossas posses e nossos ganhos, mas também sobre nossos braços e nossas pernas, nossos olhos e nossos ouvidos, e até mesmo sobre nosso nariz no centro do rosto. A experiência vem em seguida e nos ensina que a felicidade e o prazer não passam de uma quimera, mostrada a uma distancia por uma ilusão, enquanto o sofrimento e a dor são reais e manifestam-se diretamente por si sós, sem a necessidade da ilusão e da espera. Se seu ensinamento se mostra frutífero, deixamos de buscar a felicidade e o prazer e passamos a nos preocupar apenas em fugir ao máximo do sofrimento e da dor. “O homem sábio não persegue o que é agradável, mas a ausência de dor” (Aristóteles, Ética a Nicômaco). Reconhecemos que o melhor que o mundo nos pode oferecer é um presente suportável, tranqüilo e sem dor; se isso nos é dado, sabemos apreciá-lo e cuidamos bem para não estragá-lo ansiando sem trégua alegrias imaginárias ou preocupando-nos temerosos com um futuro sempre incerto que, a despeito de nossos esforços depende totalmente do destino. Além disso: por que haveria de ser insensato preocupar-se sempre em usufruir ao máximo o presente único e seguro, se a vida inteira não passa de um fragmento maior do presente e como tal é absolutamente efêmera?”

Escrito pelo pessimista Arthur Schopenhauer n’A Arte de Ser Feliz, Máxima

sábado, dezembro 29, 2007

Fica a dica!


Quer dar uma boa risada nessas férias tediosas? Eu recomendo este site! É um programinha da revista In Style (a Estilo americana) em que você envia uma foto sua e pode "exerimentar" os cortes de cabelos de diversas famosas. Hilário! E ótimo para quem está pensando em mudar o visual.
Ali em cima tem uma amostra para aqueles que sonham com o dia em que a Manuela vai cortar o cabelón, passar uma tinta e, finalmente, mudar. Enquanto eu crio coragem, se divirtam com a Manuela-Madonna, Manuela-Rihanna, Manuela-Gwen etc... hahahaha

sexta-feira, dezembro 28, 2007

A menina e a janela

A janela. Nos prédios vizinhos, duas ou três acesas, e nem madrugada é. A solidão é real, absoluta – até mesmo a cidade está vazia, e não só seu coração. “Uma noite em Curitiba” é o livro que lê e a vida que vive. Uma brisa com cheiro de verde bate no rosto, traz lembranças de meninice. Um inesperado raio cai sobre algum lugar distante, são dois raios e são três raios. Mesmo na ameaça de tempestade, a lua se mostra cheia em sua glória total. Lembra-se da última vez em que olhou por esta janela e estava sentindo-se, como hoje, leve como uma pluma. A lua era cheia, assim como agora, e ela deixou a cortina aberta para que iluminasse seu sono. A situação era outra, os sentimentos eram outros, a moça era outra, o motivo era outro. Hoje, provavelmente, a moça vai deixar a lua (e a tempestade) cuidarem de seu sono. E só a natureza, com esse cheiro de verde infantil, será testemunha desta tranqüilidade de esquecimento, esperança e leveza.

Identical Twins - Diane Arbus

quarta-feira, dezembro 26, 2007

Asas do Desejo


Damiel: When the child was a child, it was the time of these questions. Why am I me, and why not you? Why am I here, and why not there? When did time begin, and where does space end? Isn't life under the sun just a dream? Isn't what I see, hear, and smell just the mirage of a world before the world? Does evil actually exist, and are there people who are really evil? How can it be that I, who am I, wasn't before I was, and that sometime I, the one I am, no longer will be the one I am?

terça-feira, dezembro 25, 2007

Dois Paradoxos


Paradoxo 1

O silêncio. Um silêncio metafórico, dolorido, forçoso. A minha boca - tão acostumada às palavras, aos risos, ao grito, ao choro, ao beijo - permanece fechada. A mente articula frases mil, desculpas, raivas, indiferença, felicidade, mas da boca nada sai. Qualquer palavra parece ter um sentido vago e impreciso. O silêncio é que tem significado.

Paradoxo 2

A solidão. Sentimento relativo, presente e ausente em um tempo mesmo e estranho. São mil tipos, iguais em essência. “Me sinto só”, “Não me deixe só”, “Estou tão só”, “Detesto ficar sozinho”, “Tenho medo da solidão”, “Preciso ficar só”, “Me deixe só”. Só para refletir, só para chorar, só para estudar, só para rir. Só em meio a uma multidão. Só por opção, só por situação, só por incompreensão. Só por gosto, só por desgosto. Solidão da timidez, solidão da amargura, solidão do sofrimento, solidão da rejeição. Seremos todos sós em nossa individualidade ou seria a solidão apenas uma impressão?

sábado, dezembro 22, 2007



quinta-feira, dezembro 20, 2007

Contemplação na terra de Eve Arnold

Ando apaixonada pelo trabalho da fotógrafa americana Eve Arnold. Ela tem uma visão muito interessante sobre o universo feminino. Eve foi a primeira mulher a ingressar na agencia de fotografia Magnum em 1957. Mas bem, não vou falar muito sobre ela: vou apenas mostrar algumas fotos dela de que gostei muito, com o tema mulher. Ah, "for the record", Eve hoje tem 95 anos e mora na Inglaterra.

1954, em Havana, uma mulher num bordel.
Em 1952, em NYC, Marlene Dietrich aguarda nos estúdios Columbia.

Em 1955, em Illinois, Marilyn Monroe descansa entre as filmagens.

Em 1960, NYC, Harlem, modelo celebra o mote "black is beautiful"

Em 1960, Marilyn Monroe durante as filmagens de The Misfits

Mais imagens, no portfolio da autora, no site da Magnum

terça-feira, dezembro 18, 2007

Dica de leitura

Gente, eu sei que eu prometi não mais falar sobre isso. Mas ontem comecei a ler um livro maravilhoso sobre o amor. "Fragmentos de um Discurso Amoroso" do Roland Barthes foi uma dica da minha querida amiga Albana. Ela achou que esse seria meu momento de ler este livro. Não digo que é o momento perfeito, mas o livro é perfeito e genial. Em qualquer momento seria ideal. Parei todas as minhas leituras para me dedicar a esta. Nem terminei ainda e já quero falar sobre ele. Barthes faz você deixar de se sentir único. Ele coloca você (se você é um sujeito enamorado) contra a parede e mostra todas as atitudes, os pensamentos e as palavras que você ridiculamente coloca no mundo. É bom para uma percepção aguçada de que não somos únicos e que todo mundo faz as mesmas coisas seja por amor, por falta de amor ou por outras coisas. Se você se sente sozinho no mundo, saiba que tem tanta gente se sentindo como você que isso foi material suficiente para Roland Barthes escrever um livro sobre essas coisas. E que, antes dele, os personagens-base de "Fragmentos..." já te descreviam, como o Werther de Goethe.
Isso é, ao mesmo tempo, reconfortante e desesperador. Leiam.


Um fragmento:

"Como termina um amor? - O quê? Termina? E, suma, ninguém - exceto os outros - nunca sabe disso; uma espécie de inocência mascara o fim dessa coisa concebida, afirmada, vivida como se fosse eterna. O que quer que se torne objeto amado, quer ele desapareça ou passe à região da Amizade, de qualque maneira, eu não o vejo nem mesmo se dissipar: o amor que termina se afasta para um outro mundo como uma nave espacial que deixa de piscar: o ser amado ressoava como um clamor, de repento ei-lo sem brilho (o outro nunca desaparece quando e como se esperava). Esse fenômeno resulta de uma imposição do discurso amoros: eu mesmo (sujeito enamorado) não posso construir até o fim minha história de amor: sou o poeta (o recitante apenas do começo); o final dessa história, assim como a minha própria morte, pertence aos outros; eles que escrevam o romance, narrativa exterior, mítica."

domingo, dezembro 16, 2007

Devo continuar a deixar o coração bater sem medo

Pediram-me para parar de escutar as músicas que andava a ouvir. Disseram que estava a me fazer mal. Resolvi acatar o conselho. Pior, muito pior foi ouvir Legião Urbana. Fujo de Renato Russo, que entendia tudo que passo. Meus caminhos, minhas escolhas, meus problemas. Desde sempre obtive essa compreensão de sua poesia, e nem aprecio tanto assim sua música. Vento no Litoral, L'Avventura, Eu era um Lobisomem Juvenil, Sete Cidades, Sereníssima são todas descrições de meus sentimentos. É como Clarice, escrutando os recantos da nossa alma. Pois como eu conclui com a Lubi nessa semana: todos nós sentimos igual, alguns com mais intensidade que outros. Agora deixa eu voltar para o Bituca, pois ele me deixava mais feliz.

Maurício - Renato Russo

Já não sei dizer se ainda sei sentir
O meu coração já não me pertence
Já não quer mais me obedecer
Parece agora estar tão cansado quanto eu.
Até pensei que era mais por não saber
Que ainda sou capaz de acreditar.
Me sinto tão só
E dizem que a solidão até que me cai bem.
Às vezes faço planos
Às vezes quero ir
para algum país distante e
voltar a ser feliz.
Já não sei dizer o que aconteceu
Se tudo que sonhei foi mesmo um sonho meu
Se meu desejo então já se realizou
O que fazer depois
Pra onde é que vou?
Eu vi você voltar pra mim.



E esse post é o último sobre esse "assunto". Esse blog é um veículo plural e não diz respeito a mim mesma. Nunca foi assim, não é agora que mudará.

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Mais uma flor abandonada.

A manhã é hora da esperança. À tarde, reflexão. No poente, choro. Antes de dormir, acredito em mim mesma com todas as forças. De madrugada, naturalmente, sonho. Nesse momento tudo é possível: crer, esquecer, amar, odiar, ser triste ou feliz. E o ciclo se reinicia. E você, o que faz, no que pensa, no que crê? São questões sem resposta.

quinta-feira, dezembro 13, 2007

Por que amo o cinema italiano?

De vez em quando eu preciso assistir a um filme italiano. Eu sinto fome de cinema italiano. Por isso eu vou aos poucos, devagar, pra eles não acabarem. Até por que eu nem sei como anda o cinema contemporâneo na Itália (preciso averiguar...).

Mas eu me pergunto por que isso? Cheguei a conclusão que eu sou praticamente como um filme italiano: eu falo alto, rápido, dou risada, falo palavrão, danço engraçado, dou escândalo, brigo mesmo, muitas vezes não faço sentido, sou alegre, engraçada e muito real. Além de ser apaixonada pelas idiossincrasias humanas, pelas pequenas pessoas estranhas desse mundo. “De perto, ninguém é normal”. Em um filme italiano de perto, de longe, de muito longe, todo mundo é um pouco estranho.

Claro que eu não sou assim um Fellini, estou mais assim pra um Monicelli ou um De Sica. Tenho meus momentos Antonioni, meus momentos Pasolini, meus momentos Ettore Scola. Meus momentos neo-realismo, meus momentos pós neo-realismo. E por que não, meus momentos Fellini? Quando ninguém me compreende (só quem presta muita atenção, se importa muito), ou quando ajo desesperada como Cabíria, ou perdida como Guido Alselmi.

“Il Cinema” me encanta por demais! Hoje assisti a um filme com a beldade Sophia Loren e o meu ídolo Marcello Mastroianni. “Ontem, Hoje, Amanhã” (1963) são três curtas-metragens do Vitório de Sica. Um sobre uma mulher que tem filhos para fugir da prisão, um sobre uma mulher riquíssima apaixonada por um homem simples e a última sobre uma prostituta que encanta um jovem seminarista. Se você não gostar do roteiro, da edição, da filmagem, dos enquadramentos etc, assistir a esse filme ainda vai valer a pena pela visão de uma Sophia Loren a fazer de strip-tease enquanto um Mastroianni aplaude eufórico. Cena histórica.

quarta-feira, dezembro 12, 2007

Regina Spektor: sempre ela.


This is how it works

You're young until you're not
You love until you don't
You try until you can't
You laugh until you cry
You cry until you laugh
And everyone must breathe
Until their dying breath

No, this is how it works
You peer inside yourself
You take the things you like
And try to love the things you took
And then you take that love you made
And stick it into some
Someone else's heart
Pumping someone else's blood
And walking arm in arm
You hope it don't get harmed
But even if it does
You'll just do it all again

(On the Radio, do Begin to Hope)

terça-feira, dezembro 11, 2007

Trecho de um conto meu, escrito em 2005.

- Às vezes, não entendo meus próprios pensamentos. Vivo em várias freqüências diferentes. Minha personalidade oscila como as marés. Posso viver ser como o ser mais amável do mundo, e meu brilho irá encostar por onde eu passar, e as pessoas poderão pensar em como sou maravilhosa e bondosa. Mas há dias em que meu coração encontra-se em estado de letargia. Não consigo transmitir qualquer forma de sentimento. Também, em alguns períodos, entristeço e acredito ser o pior dos seres. Sinto uma tristeza infinita, minha alma em pedaços. Sinto vontade de cometer loucuras totalmente contra meus princípios. De repente sinto desejo de ir embora e não mais ver quem vejo todos os dias, quem me ama, para não mais me deparar comigo mesma. Foi o que fiz com ele.

- Esses meus sentimentos, imagino serem normais em todas as pessoas abandonadas. Mas uma confusão se coloca em minha mente quando enxergo o quanto todos são bravos, fortes, inabaláveis. É praticamente impossível que as pessoas sejam assim quando se encontram sozinhas somente com seus corações. E é isso que me atormenta. Será que no mundo, existem pessoas que mesmo nos momentos mais infelizes não chorem, quando sozinhas em seus quartos. No silêncio da madrugada não há ninguém com quem elas possam dividir seus segredos mais profundos.Será então que Ela jamais chore por mim? Não há mais como descobrir... E eu me sinto tão mal, eu e a rosa, flor do amor despedaçado.

domingo, dezembro 09, 2007

Achado no Felicidade Clandestina

“... mas quem sabe, foi porque o mundo também é rato, e eu tinha pensado que já estava pronta para o rato também. Porque eu me imaginava mais forte. Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É por que eu não quis o amor solene, sem compreender que a senilidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria – e não o que é. É por que ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele. É também porque eu me ofendo à toa. É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa. É porque sou muito possessiva e então me foi pergunto com alguma ironia se eu também queria o rato para mim. (...)”


Clarice Lispector no conto Perdoando Deus

Impressões sobre NYC – Capítulo III

Demorou, mas continuo minhas impressões sobre NYC.

Enfim, o objetivo de minha viagem: Poetry Reading na New York University. Uma noite importantíssima para minha mãe – Jussara Salazar – que leu um poema sobre um Parangolé da obra de Hélio Oiticica, presente na coleção de arte de Patrícia Cisneros. Além desse poema, ela leu Circuladô de Fulô de Haroldo de Campos e um poema chamado Flu, que eu traduzi para o inglês e não deixei ela creditar. Acabei por me arrepender, pois ao ouvi-la na voz da intérprete achei razoável. Nesse dia também leu seus poemas a curadora do evento, Lila Zemborain.

Em NYC, as pessoas realmente vão a leituras de poesia. O centro de línguas estava cheio de gente interessada em poesia, línguas latinas etc. Foi muito interessante conversar com gente de toda América Latina, portugueses, e até americanos que falam português. Conheci uma menina – se não me engano ela se chamava Laura – que falava um português perfeito. E ela era de Chicago!

Depois disso não posso deixar de contar que fomos jantar em um restaurante japonês e que vimos o Kiefer Sutherland, aquele que faz o Jack Bauer no 24 horas. Kiefer esse que está amargando uma prisão de 48 dias na Califórnia, por DIU, Driving Under The Influence.

Cenas do próximo capítulo (prometo que mais divertidas!): Uma Jazz-Nite no Harlem

quarta-feira, novembro 21, 2007

O Cavaleiro

Uma pausa no diário de bordo - o tempo dessa última semana de aula é curto.

Milton Nascimento - O Cavaleiro

Algo me dirá

Desta história misteriosa nascerá
Não conheço essas paragens
Que clarão
Me carrega, Me empurra
Desconcerta a razão
Corro sem parar
Nessas trilhas, sem controle, sem lugar
Tudo ou nada me sussurra ao coração
Bate pedra, bate lua, bate chão
Vamos contra o sol
E o cavalo não respeita a minha voz
É encanto, é magia, não sei não
É certeza que um vento louco atrás vem
Tarde de um azul, mas o céu chorando
Galhos rebentando
Que não machucam
Sensação que não conheça
Sonho de amor
Algo me dirá
Desta história misteriosa nascerá
Tudo ou nada
Me sussurra ao coração
Um chamado
Desconcerta a razão
Ei,ei,ei,ei,ei...

Só sei que sinto
A cor do teu olhar
Me deixo carregar
Por onde for
Me agarro na loucura da visão
Fantasia,alegria
E pura maravilha
Algo me dirá
Desta história misteriosa,nascerá
Não conheço essas paragens,que clarão
É o amor que me faz pleno o coração
Jogo o laço,pego o traço da paixão
Vivo a vida
com o laço da paixão
Jogo o laço,pego o traço da paixão
Ê,ê,ê,ê...

domingo, novembro 18, 2007

Impressões sobre NYC – Capítulo II

É comum ouvirmos por aí que o meio de transporte mais usado em NYC são os pés. Isso é completa verdade. Anda-se para lá e para cá. É muito simples. Pra nós turistas, sapatos confortáveis são lei. Para os newyorkers, em especial as newyorkers, isso é indiferente. Saltos altíssimos, toc toc toc. Como andam rápido! Algumas delas andam com seus flats (sem meias, naquele frio), pequenas sapatilhas, e calçam os high heels ao entrar nos buldings.

– Por que essa coisa ridícula de escrever as palavras em inglês? Simplesmente, por que nos EUA, prédio é building, salto é high heel, igreja é church, pessoas são people. E tenho dito. –

Voltando a questão do transporte. Se anda muito em NY, mas se anda também de ônibus, metrô (subway...) e táxi. Aí você entra num universo engraçado de esquisitices. Eu não posso falar nada dos ônibus, não tive a oportunidade de andar neles. Vou começar pelo táxi, os famosos yellow cabs.

A primeira vez que eu peguei um táxi, foi muito simples. Tinha que ir do aeroporto ao hotel e não podia pegar o trem, pois eu tinha uma bagagem absurda (óbvio que com o frio que fez não usei nem 30%, mas tudo bem, outro drama). Tinha um homem agendando as idas a cidade e entramos na nossa primeira fila em NYC.

Pegamos uma minivan. Um francês completamente mal encarado dirigia o cab. A gente vem com aquela mitologia dos filmes, que o taxista é um cara legal que vai te mostrar os pontos turísticos e tudo mais pra depois você dizer “keep the change”. Muito chique. Chique o caramba. O cara era um chato e escutou do Queens ao Financial Center a mesma central de notícias sensacionalistas. Minha mãe (que não fala inglês) quase ficou doida com o barulho. Eu me diverti. Tinha uma noticia de um cara que tinha tentado assaltar uma “bodega” (sim, eles diziam bodega mesmo) no Queens. O dono tinha cortado um dedo e uma orelha do safado com uma “macheti”, tipo uma peixeira, pra nós tupiniquins. Hilário, né? E vocês pensando que o jornalismo norte-americano é sério, tipo New York Times, né...

Outro detalhe de ouvir rádio ou ver TV nos EUA são os comerciais. Publicitários do mundo, uni-vos e salvai a publicidade americana! Meu deus, é muito trágico. Todas as propagandas começam com uma pessoa contando como a vida dela era ruim e como o produto X salvou-a. Triste. Tabajara e Shoptime pra baixo. Mas, engraçado.

Quando saí do táxi, o motorista não carregou nossas malas. E nesse momento eu percebi que a servidão inerente do Brasil tinha acabado. Nos EUA, a escravidão parece ter acabado. Pelo menos quando você não dá a gorjeta de 10%, que depois aprendi ser necessária.

Contudo, a crueldade que citei no ultimo post se refere a segunda vez que me aventurei a pegar um cab. Chovia. Estávamos, eu e minha mãe, atrasadas para o evento que ela tinha que participar. Achamos que no mundo civilizado existia rádio táxi. A-HÁ! Pegadinha. Na cidade dos táxis, não há esse tipo de serviço, o recepcionista do hotel me informou. O que devo fazer então? Como nos filmes, você se instala no meio da rua e grita – TAXI! (por que lá não tem acento) – com o braço levantado.

Detalhe, chovia. Andamos não sei quantas quadras até uma rua movimentada. Lá, eu achei um cantinho na rua para começar a abordagem. Então, descobri que ele já estava ocupado por um senhor de terno que pegou o táxi primeiro. Aí, chamei o que vinha atrás (nesse momento, eu já estava encharcada). O moço me perguntou algo em inglês macarrônico, que eu entendi como “pra onde você vai”. Respondi “Washington Square” e o motorista saiu, sem dizer nada. Decidi mudar de tática e de esquina. Na outra quadra, parei no meio da rua. Depois de três carros ordinários pararem e abrirem o vidro dizendo “Taxi, lady”, eu consegui um cab com um motorista árabe que sabia menos de Manhattan do que eu. E fiquei feliz com isso.

Da terceira e ultima vez, usamos algo que é parecido com as rádio-táxis, que é um tal de Car Service. Isso sim é civilizado! Pelo mesmo preço de um táxi, o motorista vem de Cadillac, na hora marcada e te leva pro aeroporto. Chiquê só. Amei.

Por fim, o subway. A primeira vez que peguei um trem foi em uma das estações mais antigas, a Wall Street. Em downtown, o subway é muito veeeelho. Minha mãe ficava brincando dizendo que os túneis eram do tempo das diligencias, do pilgrims, dos índios. E que o Leonardo di Caprio tinha enterrado a faquinha do Gangues de Nova Iorque por ali.

Dizem que não dá para trocar a estrutura do subway, pois ele não pode parar. Mas ele pára. No meio do caminho. No meio do túnel. Eita, lata velha. Isso deu em mim um pânico muito grande. As pessoas continuaram a papear tranqüilas. Ai ai ai ai que medo. Depois de um tempo me acostumei e até passei a achar normal. O subway é muito útil, muito legal e muito fácil de entender. Só que a passagem é uma facada: dois dólares.

Próximo Capitulo (meu diário de viagem será uma série grande de posts, pelo visto) – Poetry Reading na NYU

sábado, novembro 17, 2007

Impressões sobre NYC – Capítulo I

Reforma na Bolsa de Valores de NYC. Aquela mesma que quebrou em 1929.

“The city that never sleeps”. “The big city”. “The Big Apple”.
New York City é um lugar peculiar, posso dizer. Único no mundo, muitos dizem. Eu me impressionei com sua grandeza, sua contemporaneidade e com sua variedade de tipos, cidade cosmopolita. Em NYC, todos estão ocupados, preocupados e trabalhando. O ócio é proibido. O tédio é produtivo. Muito diferente do meu Brasil maroto. Lá, “time is money”.
“If I can make it there, I’ll make it anywhere”. Talvez Sinatra estivesse completamente certo. It’s a tough city.

Meus três primeiros dias a explorá-la passei no finzinho da ilha, no chamado Financial Center.
Meu endereço: William Street com Wall Street. O lugar cheirava a história e a dinheiro. Estranha mistura. Andando por suas esquinas escuras e sinuosas pensava no caos de 1929, de 2001 e observava as pessoas. Executivos(as), chiquérrimos, em seus ternos Armani, seus sapatos Prada e suas bolsas Louis Vuitton. Fazia frio, muito frio. A elegância aparente não os impedia de comer com pratos, copos e talheres de plástico. Gente mais estranha, heim.

Foi por lá pelo Financial que eu descobri que Sex and the City tem mesmo um por quê. NYC é uma cidade de solitários, loners. Não há casais, pessoas juntas ou qualquer tipo de afeto nas ruas. Inclusive, deve-se andar em fila indiana para não atrapalhar que vem atrás., com muita pressa. Em NYC não há tempo para risadas ou brincadeiras. Ai ai.

Mas é claro não deixei de fazer um clássico sightseeing e fotografar que nem uma insana. Me encantei pelas intensas obras da cidade. Guindastes, gruas, marteladas, britadeiras, fumaça, tapumes. A cada esquina dezenas de homens trabalhando. Até a bolsa de valores estava com a fachada em reforma! Tive até a impressão de que daqui a um ano tudo estará novo em folha. Ledo engano, diz um amigo que conheci por lá. A reforma é coisa da máfia, teoriza ele. Nunca acaba. Bom saber, pois elas dão um ar mais caótico ainda aquelas estreitas e confusas ruelas.
Esse texto pode dar impressão de que não gostei de NYC. Outro ledo engano. Eita lugar doido, maravilhoso!

Cenas do próximo capítulo: A crueldade, ou como pegar um yellow cab

terça-feira, outubro 30, 2007

Mais sobre fotografia...

Sem furar a resenha que fiz para o jorlab, por aqui faço apenas a recomendação: visitem a exposição Instantâneos da Felicidade no Museu Oscar Niemeyer. São fotografias muito lindas de vários gêneros dessa arte do século XX. Vale a pena mesmo.

Voltando ao mundo virtual, reinicio a vida deste blog, parado há dias. Para dar uma variada, visitem meu Flickr, que está com algumas fotos que faço aleatoriamente. Espero que gostem.

sábado, outubro 13, 2007

Tropa de Elite é mesmo osso duro de roer

Ao falar sobre Tropa de Elite, não posso deixar de reparar no enorme sucesso do filme. A cinematografia brasileira não está acostumada a grandes bilheterias. Mas esse filme superou ter sido pirateado um mês antes do lançamento (especula-se que foram compradas mais de 1 milhão de cópias pelos camelôs do país). Superou pois ontem, na data de sua estréia, o cinema estava lotado. E filme brasileiro não tem estréia lotada.

Talvez isso tenha ocorrido pela polêmica gerada pelo filme (acusações de delegados, reproduções domésticas de torturas etc), talvez pelo elenco maravilhoso (a presença de Wagner Moura é garantia de boa bilheteria – não de bom filme). O que importa é que muita gente vai assistir à Tropa de Elite, e eu espero que faça a reflexão que o filme propõe e não passe a achar que o BOPE (Batalhão de Operações Especiais) é a solução do Brasil, como muita gente tem colocado.

Outra tanto de gente – a crítica especializada – tem dito por aí que o filme é reacionário. Eu arrisquei assistir a ele com um viés de tentar entender essa opinião. Tropa de Elite mostra uma polícia corrupta, um BOPE torturador e honesto, traficantes sem alma, universitários alienados, usuários de droga e defensores do crime organizado. O diretor mostra sua visão do mundo do crime de forma muito clara e forte: a culpa do tráfico é do usuário de drogas. Se isso é reacionário ou não, fica a você decidir. Essa discussão está presente numa das melhores cenas do filme, quando o Capitão Nascimento diz para um estudante universitário que quem matou um rapaz que o BOPE executou em uma de suas ações foi o próprio estudante que compra droga daquela favela.

Eu li que alguém disse que esse filme vai virar ideário do movimento Cansei. Eu acho o contrário. Isso por que outra cena que achei forte foi uma discussão dentro da universidade entre alunos e um policial, também aluno. Enquanto os moços e moças reclamavam de como a polícia matava inocentes e maltratava a elite, o policial questiona que fumando seus béquis eles estão incentivando tudo isso de que reclamam. A classe (média) fica em silêncio. O filme acontece em 1997, e eu acho que o movimento Cansei deve estar cheio de alunos daquela classe de dez anos atrás.

O roteiro do filme fica quase que apagado diante de sua temática, o que ainda é um problema nos filmes brasileiros a que assisto. A história é o pano de fundo e não o tema. Mas não posso deixar de comentá-la. Capitão Nascimento (Wagner Moura) é o comandante de um batalhão do BOPE a quem é dada a missão de acalmar o morro do Turano para a visita do Papa João Paulo II que se hospedará nas redondezas. A mulher de Nascimento espera um filho e, por isso, o policial começa a sofrer ataques de pânico. Assim, ele inicia a busca por um substituto a sua altura, em meio a policiais corruptos, loucos ou até mesmo covardes. Isso leva a um bom momento “cinema” do filme que é o treinamento dos policiais. Digno até de comparação com a seqüência Drill Instructor de Full Metal Jacket do Kubrick.

Outro ponto que não posso deixar de comentar no roteiro do filme é a presença da tortura no sistema de operações do BOPE. Em apenas um momento é feita uma ressalva quanto à prática. Acho que o diretor usou muito a colaboração de policiais ao produzir o filme e não quis machucar os egos. Enfim, deixou a desejar, pois mostrá-la como um mero modus operandi ficou estranho, até por que o BOPE é mostrado como a honestidade em forma de batalhão policial.

E eu já ia me esquecendo. Além de discutir todos esses temas sérios, Tropa de Elite é bem filmado, tem uma fotografia original, trilha sonora legal e é muito engraçado.

É por essas razões que acho que não dá pra deixar de assistir a Tropa de Elite. Como diz a música, Tropa de Elite pega um, pega geral, também vai pegar você. E não esqueçam que missão dada é missão cumprida.

Ah! E não deixem de dar uma olhada no blog do Capitão Nascimento. Hilário.

quarta-feira, outubro 10, 2007

Outro beijo...


Esses dias era o do Doisneau. Hoje é a vez do André Kertész... quanta ternura, olha a carinha dela!

segunda-feira, outubro 08, 2007

Musicais, meu guilty pleasure do cinema. Ou não.

Eu nunca escondi minha paixão pelos musicais. Quando era pequena, assisti à Mary Poppins mais de cinqüenta vezes, acho eu. Colocava a fita que minha mãe gravou da Tela Quente todos os dias. E cantava todas as músicas: Supercalifragilisticspialidocious, Spoon Full of Sugar, Tupence a Bag... Um universo repleto do kitsch, do brega, de ingenuidade, ritmo e uma surrealidade muito engraçada.

O elemento surreal é aquela história das pessoas cantarem sozinhas em seus quartos. Quem brincou com isso esses tempos foi aquele moço, o Paul Thomas Anderson, em Magnólia (1999). Em determinado instante, os personagens cantam a trilha sonora (linda, da Aimee Mannn) em seus cenários separados, em momentos inusitados, como se estivessem sincronizados. Magnólia não é exatamente meu filme preferido – pra falar a verdade, eu não gostei muito – mas esse momento é especial.

A maioria das pessoas detesta musicais, pelo mesmo motivo que eu os adoro. Por que as pessoas em vez de dialogarem, falarem, expressam seus sentimentos por meio do canto ou da dança? O que é incompreensível pra uns, é motivo de diversão pra mim. Adoro A Noviça Rebelde, Hair, Footloose, Moulin Rouge, Chicago, O fantasma da Ópera, Billy Elliot e muitos outros.

Se você não concorda comigo que musicais são legais e divertidos, você vai ter que admitir que há filmes que não seriam cultuados não fosse por suas trilhas sonoras. O que seria de Pulp Fiction sem a trilha de surf music e a cena de dança entre Uma Thurman e John Travolta. E continuando em Tarantino (um grande exemplo desses fatos), o que seria de Reservoir Dogs sem Stuck in the Middle With You, ou de Pulp Fiction sem sua canção tema?

O que seria de Tubarão sem aquela trilha sonora? Mais um filme sobre tubarões assassinos. Woody Allen sem a companhia do Jazz? Fellini sem seu eterno Nino Rota? Mais exemplos me escapam a memória. É claro que esta é uma discussão infrutífera: é indubitável que a trilha sonora é indispensável para um bom andamento. Há inclusive gente tentando levar adiante a idéia de fazer cinema sem música. Já ouvi falar muito em experimentações assim e fico intrigada em saber como funcionam. Alguém me contou que a série The Office não tem música de fundo. Estou curiosíssima para ver como isso funciona.

Bem, este texto gigantesco de declaração de amor à musicais e à trilhas sonoras serve para falar pra vocês: assistam ao Hairspray. Eu não me sinto ainda segura pra resenhar o filme, pois não vi a versão do John Waters de 1988. Bem, mas isso não me impede de recomendá-lo. Foi um dos poucos filmes que me deixou com um sorriso no rosto do começo ao fim. A protagonista Nikki Blonski, que interpreta a garota Tracy Turnblad é uma das pessoas mais cativantes que eu já vi numa tela de cinema. Ela é radiante, dá vontade de dançar e cantar junto. E a sua mãe Edna, interpretada por John Travolta, não fica atrás. Travolta fez um trabalho maravilhoso e é difícil imaginar como ele aprendeu a ser tão feminino. Quando eu assistir ao Hairspray de 88, comento melhor. Ficaapromessa.

quarta-feira, outubro 03, 2007

Mais duas do Doisneau


E meus olhos brilham. :)

terça-feira, outubro 02, 2007

mais um da série Eu Recomendo:

Dá para acreditar que existe um reality show legal? Pois é, existe um.
Project Runway é muito muito muito legal. Para quem gosta de moda e até pra quem não se interessa muito.
Tem todo aquele frisson dos programas do tipo: explorar o sofrimento humano, as brigas, os socos, os choros, o sofrimento, a tensão.
Mas tem também uns desafios legais e muita roupa bonita (e muita coisa feia pra gente rir).
Ele é meu programa semanal com a minha irmã Mariana. A gente assiste e vibra ou xinga determinados estilistas. Nessa terceira temporada que passa agora no People & Arts tem muita gente talentosa.
A produção é da Heidi Klum e do Tim Gunn. Os jurados são a Heidi, a Nina Garcia da Elle e o Michael Kors (e pra minha felicidade de vez em quando a Vera Wang). De vez, em quando tem alguém extra. O prêmio é uma matéria na Elle americana, um carrão e 100mil dólares para começar uma coleção. E as modelos ganham um editorial na Elle.
Ah! E o pessoal da quarta temporada já foi selecionado. Pena que pra nós tupiniquim, só no ano que vem!

Uma homenagem pra Mari:
Austin Scarllet da primeira temporada, o dândi dos dândis:

segunda-feira, outubro 01, 2007

Coisas da vida...

Estava andando de ônibus, ouvindo uma tradicional conversa da linha Cristo Rei: duas senhorinhas e seus principais assuntos - câncer, morte, remédio, doenças, médicos etc. Já estou acostumada a esse tipo.
Mas, hoje eu acabei entreouvindo outro papo. Era uma senhora de uns 50 anos e um rapaz de uns 20 e poucos. Os dois falavam sobre uma mulher de rua que estava na calçada. O papo continuou depois que o ônibus andou e eles comentavam sobre "como essa gente é preguiçosa", que não davam esmola de jeito nenhum (não vale a pena, sabe?) e que comprava um salgado ou uma coca-cola para crianças carentes (conta outra vai...).
Bem, sei que conversa vai conversa vem, eles finalmente conseguiram me chocar, por que até agora eles só tinha repetido um discurso vazio e estúpido.
Passava ao lado do ônibus uma catadora de lixo, e dentro de seu carrinho sua filinha dormia. Eles primeiro comentaram que "as crianças não tem culpa de nada". Depois o rapaz virou pra mulher e disse assim: - Você sabia que essa gente não tem vergonha de ser assim?
E a mulher concordou e eles continuaram a falar, mas eu deixei de prestar atenção. Eu estava chocada. Assim como, meu? Vergonha do quê????? De ser pobre? De não ter estudado? De não arranjar emprego? De catar lixo? Ou de ter que levar o filho junto? Meu. Eu me revolto fácil, alguns dizem. Mas meeuuuu, como assim????? Esse povo carrega trocentos quilos nas costas, ganha uma mixaria no final do dia, chega em casa acabado. Do que eles tem que ter vergonha...

Eu estava refletindo sobre isso na volta (no mesmo ônibus, diga-se de passagem, dessa vez silencioso), e o Oil Man passou do lado da minha janela. Eu me assustei e perdi meus pensamentos.
Daí vem a linha de raciocínio 2: A Alienação do Povo Brasileiro tem um porquê

No Brasil, você até fica revoltado com a pobreza, a situação atual e a corrupção. Mas daí quando você está se revoltado, refletindo, pensando, criando razões, soluções, passa algo bizarro tipo o Oil Man, ou acontece o Caranaval, o Sete de Setembro, a Copa do Mundo e você se esquece de tudo. Você se distrai com essa coisas, muito mais engraçadas e divertidas. Você dá risada e os seus pensamentos anteriores vão pro ralo. Aí, como dizia a Kelly, você vai para casa, põe o boné, os óculos escuros e vai assistir a desenho animado (não me pergunte o que isso significa exatamente). Pronto, você vira um brasileiro alienado e o máximo que você consegue quando vê aquelas coisas que te revoltavam antes é ficar cansado.

Recomendo:

O Filho da Noiva (El Hijo de la Novia, Argentina, 2001), de Juan José Campanella, é daqueles filmes que eu guardei pra mim mesma. Há muito tempo ouço dele falar bem e tinha certeza de que era um filme bom, mas nunca tinha locado. Deixei para esses momentos de falta de criatividade e vontade de assistir a algo em especial.

Não me arrependo de ter feito isso. Acho que o filme veio em um bom momento para mim, aliás, num momento correto. O filme é classificado como drama, mas eu penso que ele me relembra mais uma maravilhosa comédia romântica. Dramático? Sim. Mas também muito divertido e com uma história de amor de encher os olhos de lágrimas fujonas e indesejadas. Eu ando assistindo à comédias româmticas, gênero que nunca foi meu favorito (e acho que nunca será...), mas que anda adequado ao meu estado de espírito.

Sem mais delongas, vamos parar de falar de mim e falar do filme.
O elenco é muito bom, focado e convincente. O roteiro é estruturado e leve, não cansa o espectador em nenhum minuto. Foge das pieguices do amor eterno, falando dele. E traz uma discussão importante na sociedade de hoje: a importância dos idosos.

A história é a de um homem chamado Rafael (Ricardo Darín) com a famosa crise da meia idade. Ele tem 42 anos, dirige um restaurante (herança familiar) que só lhe traz stress e trabalho. Namora uma linda moça, mas não lhe dá a devida atenção. Tem uma filha do último casamento que se torna cada vez mais distante. Sua mãe está internada em um asilo com o Mal de Alzheimer, e seu pai, completamente apaixonado, sofre com a casa vazia. Bem, não contarei mais nada que é para não estragar nenhuma surpresa para quem ainda não assistiu ao Filho da Noiva. (detesto resenhas que estragam surpresas do roteiro)

Mas falando delas, esse filme foi para mim foi uma boa surpresa. Pois fiquei sabendo como o cinema Argentino está em um bom momento. Isso levando em conta ainda que a data do filme é a mesma da grande crise do país, quando foi decretada a moratória. Muito bom saber.

Como já era de se esperar, chorei horrores no filme. Mas me diverti bastante também, com tiradas ótimas e referencias malucas. Dick Watson, Professor Girafales e um personagem que lembra muito Roberto Benigni são algumas delas.

"El Hijo de la Novia" Argentina, 2001. 123 mins. Direção: Juan José Campanella. Estrelando: Ricardo Darín, Héctor Alterio, Norma Aleandro, Eduardo Blanco, Natalía Verbeke. Distribuidora: Columbia/TriStar International.

sábado, setembro 29, 2007

Solitude

quinta-feira, setembro 27, 2007

Sex and the City: O filme

Não sei por que alguém vai assistir ao filme de Sex And The City. Todos os dias, a gente vê o que elas estão usando no set de filmagem. Não consigo resistir.
Quem sustenta melhor? Essas mocinhas que elas encontram na rua (sua versão mais nova, aparentemente) ou as divas do seriado?


Como elas, não há. E gents, olha essas sapatos. Ohmy.

Ps- Yuri, o filme tem sim a Cinthia Nixon.

quarta-feira, setembro 26, 2007

Eita...

O pessoalzinho da turma começou a atualizar os blogs e parou de volta. Só alguns permanecem firme na onda de tentar forçar a criatividade pra falar besteiras pela internet. Muito bom, gente.
Mas eu tenho uma teoria: tá todo mundo fixado em querer saber quem matou a Taís.
Pra mim, é claro que foi o Olavo. Por que o Olavo é a mea culpa por assistir essa novela.
Wagnermourabeijosmeligaok?

segunda-feira, setembro 24, 2007

Eu recomendo:

Será que eu deixei de recomendar esse filme para algum amigo meu? E ninguém viu até agora.
Um dos meus filmes favoritos e um dos mais engraçados de todos os tempos. Mas é humor pastelão, daquele estilo antigo, ingênuo, de morrer de rir.
Eternos Desconhecidos (1958), do expert do humor italiano Mario Monicelli é genial. Se você já viu Os Trapaceiros, do Woody Allen, veja esse pois é a fonte em que o nosso nova-iorquino favorito bebeu para criar a primeira parte do roteiro. No elenco de Os Eternos Desconhecidos, Vitorio Gassman, Mario Moniceli, Claudia Cardinale (uma mocinha!) e o meu amado Marcello Mastroianni, além de um comediante italiano chamado Totò.
O roteiro é uma sátira àquele clássico filme hollywoodiano sobre assalto a cofres recheados de dinheiro - vide o atual Onze Homens e Um Segredo (e continuações). O ex-boxeador Peppe é o organizador de uma quadrilha formada por um fotógrafo sem camâra (com um bebê para cuidar), um ladrão aposentado, um ex-jóquei e um siciliano. Os cinco decidem invadir um banco onde há um cofre cheio de verdinhas e jóias. O plano consiste em entrar em um apartamento ao lado e furar a parede que dá acesso ao edíficio do banco. Já sentiu que dá tudo certo, né?

sábado, setembro 22, 2007

momento cute

óin, olha o gatinho dormindo. a foto é minha, tá?

quinta-feira, setembro 20, 2007

Coisas que só o Woody Allen seria capaz de falar...

Annie Hall: So I told her about, about the family and about my feelings towards men and about my relationship with my brother. And then she mentioned penis envy. Do you know about that? Alvy Singer: Me? I'm, I'm one of the few males who suffers from that.

e

Falando com um casal estranho na rua:

Alvy Singer: Here, you look like a very happy couple, um, are you?
Female street stranger: Yeah.
Alvy Singer: Yeah? So, so, how do you account for it?
Female street stranger: Uh, I'm very shallow and empty and I have no ideas and nothing interesting to say.
Male street stranger: And I'm exactly the same way.
Alvy Singer: I see. Wow. That's very interesting. So you've managed to work out something?

Um Ícone:

O Beijo de Doisneau.
Dessas fotos que faz a gente pensar: "ai ai"
Doisneau, um desses gênios da fotografia. Mais fotos dele aqui.
Essa foto é uma lembrança pra mim mesma ("Fotografia é legal, nãodesistaok"), que fiz uma grande besteira fotográfica hoje. Perdi dois filmes (não rodaram na câmara). E por isso, perdi todo o meu trabalho, o da Julia e o do Chico. Desculpem mais uma vez, gente. Vamos superar essa fase, ok? Buá.

quarta-feira, setembro 19, 2007

Mr Big e Carrie, no filme de Sex in the City



Como diria o TeDouUmDado: hiperventilei.

Do passado...

Lendo o livro do Tezza, me lembrei do tempo (no ano passado) em que fazia a Oficina de Texto do professor junto com o Yuri. Bons tempos aqueles. Então, fui dar uma lida nas coisas que escrevi na época. Um texto me fez dar boas risadas. É claro que fiz algumas mudanças e acrescentei outras coisas.

"Invenção causa polêmica na imprensa

Foi lançado na semana passada nos Estados Univos o protótipo de um repórter robotizado. A fábrica de robôs CNN (Cabeças no Nada) garantiu que este equipamento vem para revolucionar as redações de TVs, jornais e rádios no mundo todo e prometeu seu lançamento para o ano de 2007.
Fazendo tudo o que um repórter faz - pautar, entrevistar, decupar, escrever, revisar - o novo homem-máquina ainda conta com a vantagem de não reclamar dos salários irrisórios e da falta de um contrato assinado e jamais terminar depois do prazo.
O dono do jornal a Folha de S. José, Otávio Quentes, declarou que a invenção tornará mais dinamica a produção de um jornal, akpem de facilitar a assimilação das políticas editoriais. Um dos jornalistas dessa mesma folha, que não quis se identificar, disse que a mundação não fará muita diferença. "Nós já somos robôs mesmo", diz pessimista. Outro funcionário da mesma empresa considera a invenção uma afronta: "Um robô não faria grandes reportagens com sensibilidade e nem conseguiria ter uma boa relação com as fontes. Isso é um ultraje!", vociferou.
O Sindicato dos Jornalistas prefiriu não se manifestar, mas fontes internas confiáveis dizem que o alto escalão da instituição já procura maneiras de pré-sindicalizar os equipamentos desde as fábricas. Já o senado brasilerio estuda a possibilidade de exigir um diploma de formação jornalística aos robôs."

Cristovão Tezza - O Filho Eterno

Que livro lindo! Li tudo em um dia. Amei!

segunda-feira, setembro 17, 2007

Olha ela aqui comigo:


Eu me lembrei: a inspiração pode vir dessa "coisa" chamada arte. Dá até gosto de viver. :)
A foto é da fotógrafa mexicana Flor Garduño (genial) e a pintura é do artista plástico, também mexicano Diego Rivera (aquele da Frida mesmo... outro gênio)

sábado, setembro 15, 2007

Inspiração

"Antigamente" quando a pessoa escrevia uma coisa ruim, ela amassava o papel e jogava longe na latinha de lixo.
"Hoje em dia", a gente usa o delete e o word fica lá, lisinho.
É meio frustrante e meio triste.
Volta pra mim, inspiração.

A foto é do Lalo de Almeida. O fotógrafo que eu dispensei no trabalho. Foi mal, Lalo, adorei teu trabalho, mas não tenho teu livro. Prontofalei.

ps - desculpem os clichês, mas é que a vida é um deles.

sexta-feira, setembro 14, 2007

Cristiano Mascaro:

um fotográfo muito bom. clica nele!