sexta-feira, dezembro 28, 2007

A menina e a janela

A janela. Nos prédios vizinhos, duas ou três acesas, e nem madrugada é. A solidão é real, absoluta – até mesmo a cidade está vazia, e não só seu coração. “Uma noite em Curitiba” é o livro que lê e a vida que vive. Uma brisa com cheiro de verde bate no rosto, traz lembranças de meninice. Um inesperado raio cai sobre algum lugar distante, são dois raios e são três raios. Mesmo na ameaça de tempestade, a lua se mostra cheia em sua glória total. Lembra-se da última vez em que olhou por esta janela e estava sentindo-se, como hoje, leve como uma pluma. A lua era cheia, assim como agora, e ela deixou a cortina aberta para que iluminasse seu sono. A situação era outra, os sentimentos eram outros, a moça era outra, o motivo era outro. Hoje, provavelmente, a moça vai deixar a lua (e a tempestade) cuidarem de seu sono. E só a natureza, com esse cheiro de verde infantil, será testemunha desta tranqüilidade de esquecimento, esperança e leveza.

Nenhum comentário: