É comum ouvirmos por aí que o meio de transporte mais usado em NYC são os pés. Isso é completa verdade. Anda-se para lá e para cá. É muito simples. Pra nós turistas, sapatos confortáveis são lei. Para os newyorkers, em especial as newyorkers, isso é indiferente. Saltos altíssimos, toc toc toc. Como andam rápido! Algumas delas andam com seus flats (sem meias, naquele frio), pequenas sapatilhas, e calçam os high heels ao entrar nos buldings.
– Por que essa coisa ridícula de escrever as palavras em inglês? Simplesmente, por que nos EUA, prédio é building, salto é high heel, igreja é church, pessoas são people. E tenho dito. –
Voltando a questão do transporte. Se anda muito em NY, mas se anda também de ônibus, metrô (subway...) e táxi. Aí você entra num universo engraçado de esquisitices. Eu não posso falar nada dos ônibus, não tive a oportunidade de andar neles. Vou começar pelo táxi, os famosos yellow cabs.
A primeira vez que eu peguei um táxi, foi muito simples. Tinha que ir do aeroporto ao hotel e não podia pegar o trem, pois eu tinha uma bagagem absurda (óbvio que com o frio que fez não usei nem 30%, mas tudo bem, outro drama). Tinha um homem agendando as idas a cidade e entramos na nossa primeira fila em NYC.
Pegamos uma minivan. Um francês completamente mal encarado dirigia o cab. A gente vem com aquela mitologia dos filmes, que o taxista é um cara legal que vai te mostrar os pontos turísticos e tudo mais pra depois você dizer “keep the change”. Muito chique. Chique o caramba. O cara era um chato e escutou do Queens ao Financial Center a mesma central de notícias sensacionalistas. Minha mãe (que não fala inglês) quase ficou doida com o barulho. Eu me diverti. Tinha uma noticia de um cara que tinha tentado assaltar uma “bodega” (sim, eles diziam bodega mesmo) no Queens. O dono tinha cortado um dedo e uma orelha do safado com uma “macheti”, tipo uma peixeira, pra nós tupiniquins. Hilário, né? E vocês pensando que o jornalismo norte-americano é sério, tipo New York Times, né...
Outro detalhe de ouvir rádio ou ver TV nos EUA são os comerciais. Publicitários do mundo, uni-vos e salvai a publicidade americana! Meu deus, é muito trágico. Todas as propagandas começam com uma pessoa contando como a vida dela era ruim e como o produto X salvou-a. Triste. Tabajara e Shoptime pra baixo. Mas, engraçado.
Quando saí do táxi, o motorista não carregou nossas malas. E nesse momento eu percebi que a servidão inerente do Brasil tinha acabado. Nos EUA, a escravidão parece ter acabado. Pelo menos quando você não dá a gorjeta de 10%, que depois aprendi ser necessária.
Contudo, a crueldade que citei no ultimo post se refere a segunda vez que me aventurei a pegar um cab. Chovia. Estávamos, eu e minha mãe, atrasadas para o evento que ela tinha que participar. Achamos que no mundo civilizado existia rádio táxi. A-HÁ! Pegadinha. Na cidade dos táxis, não há esse tipo de serviço, o recepcionista do hotel me informou. O que devo fazer então? Como nos filmes, você se instala no meio da rua e grita – TAXI! (por que lá não tem acento) – com o braço levantado.
Detalhe, chovia. Andamos não sei quantas quadras até uma rua movimentada. Lá, eu achei um cantinho na rua para começar a abordagem. Então, descobri que ele já estava ocupado por um senhor de terno que pegou o táxi primeiro. Aí, chamei o que vinha atrás (nesse momento, eu já estava encharcada). O moço me perguntou algo em inglês macarrônico, que eu entendi como “pra onde você vai”. Respondi “Washington Square” e o motorista saiu, sem dizer nada. Decidi mudar de tática e de esquina. Na outra quadra, parei no meio da rua. Depois de três carros ordinários pararem e abrirem o vidro dizendo “Taxi, lady”, eu consegui um cab com um motorista árabe que sabia menos de Manhattan do que eu. E fiquei feliz com isso.
Da terceira e ultima vez, usamos algo que é parecido com as rádio-táxis, que é um tal de Car Service. Isso sim é civilizado! Pelo mesmo preço de um táxi, o motorista vem de Cadillac, na hora marcada e te leva pro aeroporto. Chiquê só. Amei.
Por fim, o subway. A primeira vez que peguei um trem foi em uma das estações mais antigas, a Wall Street. Em downtown, o subway é muito veeeelho. Minha mãe ficava brincando dizendo que os túneis eram do tempo das diligencias, do pilgrims, dos índios. E que o Leonardo di Caprio tinha enterrado a faquinha do Gangues de Nova Iorque por ali.
Dizem que não dá para trocar a estrutura do subway, pois ele não pode parar. Mas ele pára. No meio do caminho. No meio do túnel. Eita, lata velha. Isso deu em mim um pânico muito grande. As pessoas continuaram a papear tranqüilas. Ai ai ai ai que medo. Depois de um tempo me acostumei e até passei a achar normal. O subway é muito útil, muito legal e muito fácil de entender. Só que a passagem é uma facada: dois dólares.
Próximo Capitulo (meu diário de viagem será uma série grande de posts, pelo visto) – Poetry Reading na NYU