terça-feira, outubro 30, 2007

Mais sobre fotografia...

Sem furar a resenha que fiz para o jorlab, por aqui faço apenas a recomendação: visitem a exposição Instantâneos da Felicidade no Museu Oscar Niemeyer. São fotografias muito lindas de vários gêneros dessa arte do século XX. Vale a pena mesmo.

Voltando ao mundo virtual, reinicio a vida deste blog, parado há dias. Para dar uma variada, visitem meu Flickr, que está com algumas fotos que faço aleatoriamente. Espero que gostem.

sábado, outubro 13, 2007

Tropa de Elite é mesmo osso duro de roer

Ao falar sobre Tropa de Elite, não posso deixar de reparar no enorme sucesso do filme. A cinematografia brasileira não está acostumada a grandes bilheterias. Mas esse filme superou ter sido pirateado um mês antes do lançamento (especula-se que foram compradas mais de 1 milhão de cópias pelos camelôs do país). Superou pois ontem, na data de sua estréia, o cinema estava lotado. E filme brasileiro não tem estréia lotada.

Talvez isso tenha ocorrido pela polêmica gerada pelo filme (acusações de delegados, reproduções domésticas de torturas etc), talvez pelo elenco maravilhoso (a presença de Wagner Moura é garantia de boa bilheteria – não de bom filme). O que importa é que muita gente vai assistir à Tropa de Elite, e eu espero que faça a reflexão que o filme propõe e não passe a achar que o BOPE (Batalhão de Operações Especiais) é a solução do Brasil, como muita gente tem colocado.

Outra tanto de gente – a crítica especializada – tem dito por aí que o filme é reacionário. Eu arrisquei assistir a ele com um viés de tentar entender essa opinião. Tropa de Elite mostra uma polícia corrupta, um BOPE torturador e honesto, traficantes sem alma, universitários alienados, usuários de droga e defensores do crime organizado. O diretor mostra sua visão do mundo do crime de forma muito clara e forte: a culpa do tráfico é do usuário de drogas. Se isso é reacionário ou não, fica a você decidir. Essa discussão está presente numa das melhores cenas do filme, quando o Capitão Nascimento diz para um estudante universitário que quem matou um rapaz que o BOPE executou em uma de suas ações foi o próprio estudante que compra droga daquela favela.

Eu li que alguém disse que esse filme vai virar ideário do movimento Cansei. Eu acho o contrário. Isso por que outra cena que achei forte foi uma discussão dentro da universidade entre alunos e um policial, também aluno. Enquanto os moços e moças reclamavam de como a polícia matava inocentes e maltratava a elite, o policial questiona que fumando seus béquis eles estão incentivando tudo isso de que reclamam. A classe (média) fica em silêncio. O filme acontece em 1997, e eu acho que o movimento Cansei deve estar cheio de alunos daquela classe de dez anos atrás.

O roteiro do filme fica quase que apagado diante de sua temática, o que ainda é um problema nos filmes brasileiros a que assisto. A história é o pano de fundo e não o tema. Mas não posso deixar de comentá-la. Capitão Nascimento (Wagner Moura) é o comandante de um batalhão do BOPE a quem é dada a missão de acalmar o morro do Turano para a visita do Papa João Paulo II que se hospedará nas redondezas. A mulher de Nascimento espera um filho e, por isso, o policial começa a sofrer ataques de pânico. Assim, ele inicia a busca por um substituto a sua altura, em meio a policiais corruptos, loucos ou até mesmo covardes. Isso leva a um bom momento “cinema” do filme que é o treinamento dos policiais. Digno até de comparação com a seqüência Drill Instructor de Full Metal Jacket do Kubrick.

Outro ponto que não posso deixar de comentar no roteiro do filme é a presença da tortura no sistema de operações do BOPE. Em apenas um momento é feita uma ressalva quanto à prática. Acho que o diretor usou muito a colaboração de policiais ao produzir o filme e não quis machucar os egos. Enfim, deixou a desejar, pois mostrá-la como um mero modus operandi ficou estranho, até por que o BOPE é mostrado como a honestidade em forma de batalhão policial.

E eu já ia me esquecendo. Além de discutir todos esses temas sérios, Tropa de Elite é bem filmado, tem uma fotografia original, trilha sonora legal e é muito engraçado.

É por essas razões que acho que não dá pra deixar de assistir a Tropa de Elite. Como diz a música, Tropa de Elite pega um, pega geral, também vai pegar você. E não esqueçam que missão dada é missão cumprida.

Ah! E não deixem de dar uma olhada no blog do Capitão Nascimento. Hilário.

quarta-feira, outubro 10, 2007

Outro beijo...


Esses dias era o do Doisneau. Hoje é a vez do André Kertész... quanta ternura, olha a carinha dela!

segunda-feira, outubro 08, 2007

Musicais, meu guilty pleasure do cinema. Ou não.

Eu nunca escondi minha paixão pelos musicais. Quando era pequena, assisti à Mary Poppins mais de cinqüenta vezes, acho eu. Colocava a fita que minha mãe gravou da Tela Quente todos os dias. E cantava todas as músicas: Supercalifragilisticspialidocious, Spoon Full of Sugar, Tupence a Bag... Um universo repleto do kitsch, do brega, de ingenuidade, ritmo e uma surrealidade muito engraçada.

O elemento surreal é aquela história das pessoas cantarem sozinhas em seus quartos. Quem brincou com isso esses tempos foi aquele moço, o Paul Thomas Anderson, em Magnólia (1999). Em determinado instante, os personagens cantam a trilha sonora (linda, da Aimee Mannn) em seus cenários separados, em momentos inusitados, como se estivessem sincronizados. Magnólia não é exatamente meu filme preferido – pra falar a verdade, eu não gostei muito – mas esse momento é especial.

A maioria das pessoas detesta musicais, pelo mesmo motivo que eu os adoro. Por que as pessoas em vez de dialogarem, falarem, expressam seus sentimentos por meio do canto ou da dança? O que é incompreensível pra uns, é motivo de diversão pra mim. Adoro A Noviça Rebelde, Hair, Footloose, Moulin Rouge, Chicago, O fantasma da Ópera, Billy Elliot e muitos outros.

Se você não concorda comigo que musicais são legais e divertidos, você vai ter que admitir que há filmes que não seriam cultuados não fosse por suas trilhas sonoras. O que seria de Pulp Fiction sem a trilha de surf music e a cena de dança entre Uma Thurman e John Travolta. E continuando em Tarantino (um grande exemplo desses fatos), o que seria de Reservoir Dogs sem Stuck in the Middle With You, ou de Pulp Fiction sem sua canção tema?

O que seria de Tubarão sem aquela trilha sonora? Mais um filme sobre tubarões assassinos. Woody Allen sem a companhia do Jazz? Fellini sem seu eterno Nino Rota? Mais exemplos me escapam a memória. É claro que esta é uma discussão infrutífera: é indubitável que a trilha sonora é indispensável para um bom andamento. Há inclusive gente tentando levar adiante a idéia de fazer cinema sem música. Já ouvi falar muito em experimentações assim e fico intrigada em saber como funcionam. Alguém me contou que a série The Office não tem música de fundo. Estou curiosíssima para ver como isso funciona.

Bem, este texto gigantesco de declaração de amor à musicais e à trilhas sonoras serve para falar pra vocês: assistam ao Hairspray. Eu não me sinto ainda segura pra resenhar o filme, pois não vi a versão do John Waters de 1988. Bem, mas isso não me impede de recomendá-lo. Foi um dos poucos filmes que me deixou com um sorriso no rosto do começo ao fim. A protagonista Nikki Blonski, que interpreta a garota Tracy Turnblad é uma das pessoas mais cativantes que eu já vi numa tela de cinema. Ela é radiante, dá vontade de dançar e cantar junto. E a sua mãe Edna, interpretada por John Travolta, não fica atrás. Travolta fez um trabalho maravilhoso e é difícil imaginar como ele aprendeu a ser tão feminino. Quando eu assistir ao Hairspray de 88, comento melhor. Ficaapromessa.

quarta-feira, outubro 03, 2007

Mais duas do Doisneau


E meus olhos brilham. :)

terça-feira, outubro 02, 2007

mais um da série Eu Recomendo:

Dá para acreditar que existe um reality show legal? Pois é, existe um.
Project Runway é muito muito muito legal. Para quem gosta de moda e até pra quem não se interessa muito.
Tem todo aquele frisson dos programas do tipo: explorar o sofrimento humano, as brigas, os socos, os choros, o sofrimento, a tensão.
Mas tem também uns desafios legais e muita roupa bonita (e muita coisa feia pra gente rir).
Ele é meu programa semanal com a minha irmã Mariana. A gente assiste e vibra ou xinga determinados estilistas. Nessa terceira temporada que passa agora no People & Arts tem muita gente talentosa.
A produção é da Heidi Klum e do Tim Gunn. Os jurados são a Heidi, a Nina Garcia da Elle e o Michael Kors (e pra minha felicidade de vez em quando a Vera Wang). De vez, em quando tem alguém extra. O prêmio é uma matéria na Elle americana, um carrão e 100mil dólares para começar uma coleção. E as modelos ganham um editorial na Elle.
Ah! E o pessoal da quarta temporada já foi selecionado. Pena que pra nós tupiniquim, só no ano que vem!

Uma homenagem pra Mari:
Austin Scarllet da primeira temporada, o dândi dos dândis:

segunda-feira, outubro 01, 2007

Coisas da vida...

Estava andando de ônibus, ouvindo uma tradicional conversa da linha Cristo Rei: duas senhorinhas e seus principais assuntos - câncer, morte, remédio, doenças, médicos etc. Já estou acostumada a esse tipo.
Mas, hoje eu acabei entreouvindo outro papo. Era uma senhora de uns 50 anos e um rapaz de uns 20 e poucos. Os dois falavam sobre uma mulher de rua que estava na calçada. O papo continuou depois que o ônibus andou e eles comentavam sobre "como essa gente é preguiçosa", que não davam esmola de jeito nenhum (não vale a pena, sabe?) e que comprava um salgado ou uma coca-cola para crianças carentes (conta outra vai...).
Bem, sei que conversa vai conversa vem, eles finalmente conseguiram me chocar, por que até agora eles só tinha repetido um discurso vazio e estúpido.
Passava ao lado do ônibus uma catadora de lixo, e dentro de seu carrinho sua filinha dormia. Eles primeiro comentaram que "as crianças não tem culpa de nada". Depois o rapaz virou pra mulher e disse assim: - Você sabia que essa gente não tem vergonha de ser assim?
E a mulher concordou e eles continuaram a falar, mas eu deixei de prestar atenção. Eu estava chocada. Assim como, meu? Vergonha do quê????? De ser pobre? De não ter estudado? De não arranjar emprego? De catar lixo? Ou de ter que levar o filho junto? Meu. Eu me revolto fácil, alguns dizem. Mas meeuuuu, como assim????? Esse povo carrega trocentos quilos nas costas, ganha uma mixaria no final do dia, chega em casa acabado. Do que eles tem que ter vergonha...

Eu estava refletindo sobre isso na volta (no mesmo ônibus, diga-se de passagem, dessa vez silencioso), e o Oil Man passou do lado da minha janela. Eu me assustei e perdi meus pensamentos.
Daí vem a linha de raciocínio 2: A Alienação do Povo Brasileiro tem um porquê

No Brasil, você até fica revoltado com a pobreza, a situação atual e a corrupção. Mas daí quando você está se revoltado, refletindo, pensando, criando razões, soluções, passa algo bizarro tipo o Oil Man, ou acontece o Caranaval, o Sete de Setembro, a Copa do Mundo e você se esquece de tudo. Você se distrai com essa coisas, muito mais engraçadas e divertidas. Você dá risada e os seus pensamentos anteriores vão pro ralo. Aí, como dizia a Kelly, você vai para casa, põe o boné, os óculos escuros e vai assistir a desenho animado (não me pergunte o que isso significa exatamente). Pronto, você vira um brasileiro alienado e o máximo que você consegue quando vê aquelas coisas que te revoltavam antes é ficar cansado.

Recomendo:

O Filho da Noiva (El Hijo de la Novia, Argentina, 2001), de Juan José Campanella, é daqueles filmes que eu guardei pra mim mesma. Há muito tempo ouço dele falar bem e tinha certeza de que era um filme bom, mas nunca tinha locado. Deixei para esses momentos de falta de criatividade e vontade de assistir a algo em especial.

Não me arrependo de ter feito isso. Acho que o filme veio em um bom momento para mim, aliás, num momento correto. O filme é classificado como drama, mas eu penso que ele me relembra mais uma maravilhosa comédia romântica. Dramático? Sim. Mas também muito divertido e com uma história de amor de encher os olhos de lágrimas fujonas e indesejadas. Eu ando assistindo à comédias româmticas, gênero que nunca foi meu favorito (e acho que nunca será...), mas que anda adequado ao meu estado de espírito.

Sem mais delongas, vamos parar de falar de mim e falar do filme.
O elenco é muito bom, focado e convincente. O roteiro é estruturado e leve, não cansa o espectador em nenhum minuto. Foge das pieguices do amor eterno, falando dele. E traz uma discussão importante na sociedade de hoje: a importância dos idosos.

A história é a de um homem chamado Rafael (Ricardo Darín) com a famosa crise da meia idade. Ele tem 42 anos, dirige um restaurante (herança familiar) que só lhe traz stress e trabalho. Namora uma linda moça, mas não lhe dá a devida atenção. Tem uma filha do último casamento que se torna cada vez mais distante. Sua mãe está internada em um asilo com o Mal de Alzheimer, e seu pai, completamente apaixonado, sofre com a casa vazia. Bem, não contarei mais nada que é para não estragar nenhuma surpresa para quem ainda não assistiu ao Filho da Noiva. (detesto resenhas que estragam surpresas do roteiro)

Mas falando delas, esse filme foi para mim foi uma boa surpresa. Pois fiquei sabendo como o cinema Argentino está em um bom momento. Isso levando em conta ainda que a data do filme é a mesma da grande crise do país, quando foi decretada a moratória. Muito bom saber.

Como já era de se esperar, chorei horrores no filme. Mas me diverti bastante também, com tiradas ótimas e referencias malucas. Dick Watson, Professor Girafales e um personagem que lembra muito Roberto Benigni são algumas delas.

"El Hijo de la Novia" Argentina, 2001. 123 mins. Direção: Juan José Campanella. Estrelando: Ricardo Darín, Héctor Alterio, Norma Aleandro, Eduardo Blanco, Natalía Verbeke. Distribuidora: Columbia/TriStar International.