Isso não é um jogo de azar. Mas não há ganhadores. Nem vantagens, e muito menos regras. Há sim reincidência, ilusões e probabilidades. Vício, quem sabe. Há ainda melancolia e solidão, recrudescentes a cada jogada. E, chega de blefar! É preciso admitir. E é preciso distrair-se com banalidades. Deixar de acreditar que pensa aquilo que esperam. Você só joga quando quiser e como quiser. Há contradições por demais, jogadas arriscadas. E há outras que impedem a visualização do quadro todo, daquilo no que se acredita verdadeiramente. E às vezes o melhor é dar as cartas. ‘Noutras, é melhor desistir. Até porque você não é uma pessoa competitiva.
Sou míope - não enxergo longe sem meus óculos. Vejo apenas aquilo que está muito próximo. Longe de mim, tudo indefinido. Não há nitidez. Tenho consciência de que lá está, eu identifico as cores, um formato aproximado, a distância da minha imaginação, da minha certeza, da minha crença. Mas eu não defino formatos, nuances, particularidades, possibilidades, certezas. E forçar a vista me dá uma dor de cabeça sem fim. Ainda bem que, antes de ser míope, sou uma sonhadora nata, daquelas que devaneiam na luz do dia.