TRÊS POR QUATRO: REVISTA TEMÁTICA DE FOTOGRAFIA BRASILEIRA
TRECHO:
3.2 Segmentação da segmentação
Não podemos tratar as revistas de fotografia, sem antes detalhar um pouco o conceito de segmentação. Para Mira, a segmentação das revistas é fruto do que David Harvey chama, de modo abrangente, “acumulação flexível”, ou seja, o novo modelo que gradualmente substituiu o fordismo, após a crise do petróleo de 1973. “Os anos de crise ensejariam inovações tecnológicas, financeiras, organizacionais e mercadológicas, todas direcionadas à flexibilização” (MIRA, 2001, p148). Isso é o completo oposto da produção idealizada por Ford, a partir do início do século XX. O fordismo era lento, pesado, estruturado e baseava-se mais em produção para grandes massas, em grande escala. Com a flexibilização, seria possível atender demandas mais específicas.
O processo de segmentação na área de publicações periódicas, porém, só vai ocorrer de forma sistemática a partir dos anos 90, quando há uma enorme aceleração e aumento do número de revistas. “Uma verdadeira avalanche de publicações superlota as bancas. No mercado brasileiro falava-se, em 1997, em pelo menos 1130 títulos diferentes. O mesmo acontece, como se sabe, em vários países do mundo” (MIRA, 2001, p. 213).
Marília Scalzo afirma que os tipos mais comuns de segmentação são dados por gênero, idade, geografia e tema. E dentro desses recortes, é possível ainda observar a “segmentação da segmentação”:
Por exemplo, partindo do público de pais de crianças, é possível fazer revistas para pais, para mães, para mães de bebês, para mães de bebês gêmeos, para mães de bebês gêmeos que moram em São Paulo... É possível estender e afunilar a lista até chegarmos a grupos muito pequenos - e se quisermos ir ao extremo, até chegar a cada indivíduo em particular. (SCALZO, 2003, p. 49)
No universo das revistas pesquisadas, é notável a diversidade de tipos e públicos-alvo e essa nuance se faz notar claramente. Há revistas de fotografia preto e branco (B&W é exemplo); revistas para fotógrafos amadores (como Super Foto Prática); revistas para fotógrafos profissionais (como PDN); revistas que destacam o equipamento fotográfico (como Fotografe Melhor); revistas sobre fotografia como forma de expressão (como a Camera suiça); revistas sobre teoria da fotografia (a acadêmica Imagens é editada na Universidade de Campinas); revistas para colecionadores de fotografia (a Focus americana foca seus esforços nesse tipo de leitor); revistas para empresários do ramo da fotografia (como Fhox ou Photos); etc.
“As revistas têm a capacidade de reafirmar a identidade de grupos de interesses específicos, funcionando muitas vezes como uma espécie de carteirinha de acesso a eles” (SCALZO, 2003). No mundo das revistas de fotografia não é diferente: cada uma delas se estabelece como de interesse de um tipo de leitor, mesmo que o universo amantes-da-fotografia-que-compram-revistas não seja tão grande ou abrangente quanto o de outros gêneros de publicação como as femininas, masculinas ou para adolescentes. Ou mesmo, que não seja comparável a outros mercados de segmentação como revistas de negócios ou esportes. Mesmo com menos interessados, o mercado das revistas de fotografia mostra que a segmentação pode ser a chave para se obter sucesso comercial no mundo das revistas.
Mas é importante que o público a que se dirija uma revista possua potencial de consumo. “Antes de ser mercado, onde estavam as mulheres, os negros e os aposentados? Naturalmente, eles já existiam, mas não haviam expressado sua diferença em relação a outros segmentos.” (MIRA, 2001, p 214)
Além disso, é preciso “entender quais são as tendências que estão surgindo e quais delas podem traduzir-se em novos títulos” (SCALZO, 2003, p.50). Pois, naturalmente, uma publicação precisa ter, além de anunciantes, leitores que a sustentem neste mundo de bancas de revistas abarrotadas de títulos e assinaturas cada vez mais vantajosas ao consumidor.
No dia 09 de dezembro de 2009, graduei-me jornalista. Sem essas firulas de diploma (que só chega no dia 23 de abril), graduei-me verdadeiramente (e com nota 10) ao apresentar diante de banca de avaliação - formada por meu orientador Prof. Ms. Osvaldo Santos Lima e os professores convidados Profa. Dra. Myrian Del Vechio e Prof. Ms. Paulo Henrique Camargo - o trabalho de conclusão de curso Três por Quatro: Revista Temática de Fotografia Brasileira. Obrigada novamente a todos os que me acompanharam nessa lenta e difícil jornada de 2009. E aos que, de longe, torceram por mim. Ainda não sei bem o que farei quando receber meu diploma, mas sei que 2010 prepara surpresas deliciosas, novidades surpreendentes, muita mudança, alegria, prosperidade e novos ares. Tudo necessário.
2 comentários:
Obrigada, minha linda, por você existir e ter o dom de emocionar, de envolver, de transportar pessoas quando escreve.
Parabéns pela formatura, e com certeza esse ano que vem será um ano de muitas conquistas e estarei aqui, de perto (porque levo você no coração) torcendo para que tudo que sonhou se realize, pois você merece.
parabéns!
e que bom saber que estará mais por aqui. espero.
beijos.
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